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segunda-feira, 21 de maio de 2012


Saiba o que é heráldica

A heráldica é o estudo dos emblemas e dos brasões ou a arte de formar e descrever brasões de armas, também designada de armaria.
Enquanto os emblemas são símbolos pictóricos de grupos sociais com interesses convergentes, os brasões cumprem papel equivalente em relação aos membros de determinadas linhagens de famílias.
A heráldica teve seu princípio por volta do século XII, contudo sua origem vem a ser mais remota do que se pensa.
A utilização de determinados símbolos e cores para identificar indivíduos, famílias, tribos ou clãs é um costume que se perde no tempo. Alguns historiadores relacionam o uso de emblemas com as cruzadas, outros acreditam que a origem é ainda mais antiga.
As origens do uso de brasões se perdem na história. Há evidências arqueológicas na Grécia Antiga, Roma e até entre as tribos africanas.
Símbolos pagãos da Europa pré-cristã foram transformados em brasões a partir do século IX. Encontramos cenas na idade remota, como demonstra a magnificência das figuras nos escudos dos heróis homéricos.
As mais antigas ilustrações dos primitivos brasões europeus que a história preservou, podem ser apreciadas nas tapeçarias de Bayeux que datam do ano 1080 d.C.
Foi no grande cenário das Cruzadas que a exigência se manifestou maciçamente pela primeira vez; quando algum cavaleiro avançava em terras longínquas do oriente tinha a necessidade de ostentar um símbolo que o distinguisse de outros. Mas só começaram a popularizar-se 30 ou 40 anos após as Cruzadas.
Os primeiros desenhos heráldicos (ainda antes do século XIII) eram simples, rústicos sem padronização. O contato dos participantes das cruzadas com a cultura oriental é que os tornaram artisticamente mais elaborados. Foram estabelecendo-se certos padrões estruturais, ao mesmo tempo em que foi adotado o escudo militar como a superfície para a sua fixação e exibição, o que os fez ficarem verticais, como aquele artefato defensivo.
Em quase todas as classes de Heráldica o brasão é constituído por uma parte central chamada escudo, porque nos escudos dos cavaleiros eram pintados os símbolos que eles tinham escolhido ou herdado.
Todos os elementos das armas, ou brasão, que ficam fora do escudo, chamam-se signos exteriores, para revelar a categoria feudal de seu proprietário, como o elmo, virol, coroa, timbre, lambrequins ou paquifes, suporte, tenente, lema e outros adereços circunstanciais.
Os arautos ou mestre de armas anunciavam os feitos e descreviam os escudos dos cavaleiros, porque antigamente os que se apresentavam para lutar nos torneios, eram anunciados com o tocar das trombetas.Na corte, a tarefa de anunciar alguma coisa para o povo era confiada aos arautos, que tinham a missão oficial de levar as declarações de guerra e estabelecimento da paz.
O papel dos arautos era o de zelar por tudo que dizia respeito a brasões e títulos de nobreza, enfrentando os usurpadores de títulos e armoriais, cabendo-lhes a missão de publicar as datas das celebrações de festas e torneios entre as ordens de cavalaria, colocando em lugares bem visíveis os brasões dos cavaleiros que se enfrentariam.

Os arautos também tinham a missão de sortear o cavaleiro que teria o combate a seu favor - a condição de não lutar contra o sol.Os símbolos pessoais e familiares são antiquíssimos e com eles veio a heráldica, quando eles foram utilizados dentro dos escudos de combate.
Esta arte esteve ativa até o final do século XVIII, quando a febre política da república, um movimento novo que tomava conta do mundo desde a queda da bastilha na França, extinguiu, por vezes a fio de espadas, o ofício de blasonaria.Muitos mestres d'armas foram assassinados, Famílias inteiras eram banidas por continuarem ostentando seus brasões nas soleiras de suas casas e armoriais, livros que continham os registros brasonários desde o século XII, foram queimados em praça pública, tudo isso porque os republicanos temiam que através desses símbolos o povo continuasse ligado à monarquia ou até mesmo, reivindicasse a sua volta. Sob a constante ameaça das lâminas republicanas foi fácil impedir que isso acontecesse. Alguns clãs, no entanto, conseguiram fazer com que a tradição da brasonaria ficasse viva até os dias de hoje. Ocultaram os armoriais em seus porões, alguns foram embalados em baús de madeira tratada, ou de louças e enterrados em suas quintas. Outros, na clandestinidade, conseguiram passar de mestre para discípulo e de pai para filho a arte da heráldica.

A heráldica ensina a compreender e ler os brasões, isto é, os símbolos da antiga nobreza, que indicam as genealogias, os títulos e a história dos indivíduos, das famílias e das nações.
Na sua complexidade, encerra grandes belezas e testemunha todo o modo de viver duma sociedade desaparecida. Nas batalhas travadas no período medieval, a função do brasão era de identificar o aliado e o inimigo. Pintados nos escudos, nas bandeirolas e nos arreios dos cavalos, impediam a confusão certa, numa época em que não era comum o uso de uniformes militares padronizados, nem a alfabetização era comum, e assim, os brasões preenchiam essas lacunas de comunicação.
Assim nasceu a heráldica, antes de escrever com letras a humanidade escrevia com símbolos. As ilustrações que decoram os escudos dos brasões representam as figuras que tiveram alguma relação causal com a sua origem histórica.
Se o fundador da linhagem se distinguiu por um ato de bravura em ataque ou defesa bélica, como prêmio, o rei concedia-lhe um brasão ornamentado com a arma ofensiva (flechas, lanças, machados e espadas) usada na ocasião; seteiras, torres, muros, portões blindados e similares simbolizavam êxitos defensivos. Havia também distinções nobiliárquicas concedidas a protagonistas de episódios extraordinários ocorridos em caçadas reais, eram memorizados com figuras de animais selvagens.
Ferimentos graves sofridos por combatentes audazes apareciam ilustrados no escudo sob a forma de partes do corpo humano atingidos pela injúria. Plantas, animais domésticos e mitológicos, cruzes, ferramentas, figuras geométricas e eventualmente, suas combinações, tinham motivos factuais com as atividades locais, militares, econômicas, religiosas e sociais da época.
Não há dúvida que o primeiro símbolo heráldico foi a cruz exibida nos escudos das batalhas travadas na Terra Santa: cruz azul para os cavaleiros provenientes da Itália; branca para os franceses; preta ou laranja para os alemães; vermelha para os portugueses e espanhóis; verde para os saxões; amarela e vermelha para os ingleses.

Seja como for, o uso regulamentado dos símbolos heráldicos se estabelece no feudalismo, para diferenciar os cavaleiros em suas intermináveis guerras e torneios. A força expressiva dos brasões se afinou com a adoção de cores destinadas a sublinhar uma particularidade individual dos cavaleiros: a pureza e a fé com o branco, a esperança e o ardor com o verde, a melancolia com o preto, a revanche era representada pelo vermelho, a riqueza e as honras com o amarelo. Reconstruindo assim, o sentido de uma multiplicidade de imagens retratando ações, lendas, superstições, dinastias, triunfos e derrotas.
Nessa época, para evitar duplicações e confusões, os emblemas e cores do escudo são rigidamente codificados. A mistura dessas regras é que consentem adentrar-se nesse mundo de emblemas, que é à base daquela que por séculos foi considerada uma ciência por excelência, denominada heráldica.
Os escudos em que se pintam, interna ou externamente, os símbolos desta linguagem podem ser de metais, cores ou peles, considerados os primeiros e segundos “esmaltes”.
Os metais são dois (ouro e prata), as cores são cinco (azul, vermelho, negro, verde e púrpura) e as peles são quatro (arminho e contra-arminho, veiros e contra-veiros).
Os gregos foram os primeiros a dar nomes aos esmaltes heráldicos, fazendo-os corresponder aos dias da semana e aos sete planetas. Os talhos e golpes recebidos na guerra sobre os escudos foram representados sobre esses com esmaltes e cores, depois veio o uso de neles pintar imagens e retratos dos antepassados que valentemente se portaram nos combates, o que passou a servir de marca e sinal para se conhecer o guerreiro que o trazia. Nos limites estreitos dum simples estudo, explicaremos o significado dos sete esmaltes.
Esse significado é, no dizer dos mestres heraldistas, um verdadeiro mistério que envolve na sua simbologia a vida do homem no sentido espiritual e material, a natureza que o rodeia e o próprio código de honra que deve nortear a sua ação de fidalgo e cavaleiro.
Tais esmaltes indicam as virtudes e qualidades do individuo, correspondem aos minerais, aos vegetais, a cronologia e ao sistema planetário, aos próprios ditames do código da antiga cavalaria.
A própria necessidade de identificação de facções aliadas ou rivais, tanto em tempo de paz como principalmente durante as batalhas, tornou indispensável o uso dos brasões. A armadura e o elmo cobriam o combatente e o seu rosto ficava escondido pela viseira, tornando-o um ilustre desconhecido, mesmo para muitos de seus companheiros de armas. A solução óbvia foi justamente à adoção de brasões sobre os escudos, facilitando o reconhecimento daqueles que eram os aliados e daqueles outros que deveriam ser atacados. Até aproximadamente o século XV, em época de guerra, todos os indivíduos masculinos em idade hábil e membros de um clã, constituíam unidades militares próprias que eram identificadas pelos escudos.

Na maioria dos países europeus, cada família fidalga era dona de um brasão próprio. No caso de batalha, não era tão fácil lembrar-se de todos os aliados, a não ser que se conhecesse as centenas de brasões amigos. Um verdadeiro quebra-cabeça até para um especialista em semiótica!

Com o advento de bandeiras nacionais, os brasões passaram a ter mais significado político e jurídico do que militar, como símbolos de grupos coesos. 
Vistos sob um ângulo histórico retratam os acontecimentos de uma época, haja vista que a sua concessão, como já foi mencionado, relaciona-se a fatos considerados extraordinários na época. Os brasões não eram, porém destinados a permanecerem invariáveis nos séculos. Ao contrário, as grandes famílias de tempo em tempo inseriam neles novos empreendimentos obtidos no campo de batalha.
As regras heráldicas andaram se complicando pela necessidade de inserir nos brasões os efeitos de matrimônios, aliança, união e divisões de bens. Como podemos observar, o brasão era o principal símbolo de status dessa classe de pessoas. A Heráldica de qualquer país faz parte de sua herança cultural. Estudá-la e conhecê-la é desvendar o patrimônio social da nação.
As mudanças geopolíticas trouxeram ao Brasil muitos descendentes das seculares famílias européias.
Os brasões foram símbolos marcantes no período medieval, e por que não dizê-lo, continuaram sendo até os nossos dias. Claro, hoje, mais por uma sensação do status histórico assegurado pelos ascendentes que consolidaram e perpetuaram a linhagem ou clã. Mesmo considerando que alguns daqueles fidalgos se pauperizaram diante das vicissitudes fatalísticas da história.
Aliás, os imigrantes que vieram para colonizar o Brasil, estavam em condições equivalentes.
Todavia, as origens permaneceram, obviamente, inalteradas, o que permite supor que a maioria dos descendentes dos europeus seja no Brasil, seja em outros países, têm o direito histórico ao brasão da estirpe.



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