Marco Polo
viaja pela rota da seda à China
Segunda Parte
A serviço de
Kublai Khan?
Marco
Polo alega que os Polos passaram 17 anos a serviço de Kublai Khan, ou o
Grande Khan. Durante esse tempo, Marco Polo foi enviado muitas vezes a
distantes partes do império do Grande Khan em missões para apurar fatos e até
mesmo governou o que agora é a cidade de Yang-chou, província de Jiangsu.
Se tudo o
que Marco Polo conta é verdade, ainda é debatido. Os mongóis desconfiavam dos
chineses, que eles haviam conquistado, e empregavam estrangeiros para governar
seu império. Mas parece improvável que Marco Polo, um homem iletrado, possa ter-se
tornado governador. Talvez tenha exagerado em relação à sua posição. Ainda
assim, eruditos têm aceitado que ele possa ter sido “um útil emissário em algum
nível”.
Entretanto,
Marco Polo conseguiu pintar um quadro deslumbrante ao descrever metrópoles de
riquezas incalculáveis e de costumes pagãos muito incomuns, pertencentes a um
mundo inteiramente ignorado pelo Ocidente ou conhecido apenas mediante fábulas
e rumores. Poderiam tais civilizações populosas, mais ricas que as da Europa,
realmente existir? Isso parecia impossível.
O palácio
do Grande Khan era “o maior palácio que já existiu”, disse Marco Polo. “A
construção é, de modo geral, tão vasta, tão rica e tão bonita, que nenhum homem
na Terra poderia projetar algo superior.” Seus muros eram cobertos com ouro e
prata, enfeitados com representações de dragões, feras, pássaros, cavaleiros e
ídolos dourados. O imponente telhado vermelho-alaranjado, amarelo, verde e azul
brilhava como cristal. Os parques estavam cheios de animais de toda espécie.
Em
contraste com as ruelas tortuosas da Europa medieval, Cambaluc tinha ruas tão
retas e largas que era possível ver de um muro ao outro da cidade. Eram
“trazidos artigos de maior valor e raridade, e em maior abundância
. . . , que em qualquer outra cidade no mundo”, diz o
veneziano. “Não passa nenhum dia no ano sem que entrem de carroça, na cidade,
1.000 cargas de seda.”
O número
de embarcações navegando pelo rio Yangtze, um dos maiores do mundo, era
incrível. O porto de Sinju, calcula Marco Polo, deve ter acomodado umas 15 mil
embarcações.
Entre os
costumes mongóis que Marco Polo menciona, está o do casamento de crianças
mortas. Se uma família perdesse um filho de quatro anos ou mais e outra
perdesse uma filha da mesma idade, o pai de uma e o da outra família podiam
decidir pelo casamento das crianças mortas, fazendo depois um contrato de
casamento e realizando um grande banquete. Ofereciam-se alimentos e eram
queimadas efígies de escravos, dinheiro e objetos domésticos na convicção de
que os “cônjuges” teriam tais coisas no chamado “outro mundo”.
Marco
Polo emociona-se com a habilidade militar, os métodos de governo e a tolerância
religiosa dos mongóis. Empreendimentos socioeconômicos incluíam assistência aos
pobres e doentes, patrulha contra incêndio e desordem, estoque de cereais para
aliviar a aflição causada por inundações e um sistema postal para comunicação
rápida.
Embora
soubesse das intenções dos mongóis de invadir o Japão, Marco Polo não alega que
tenha estado ali. No entanto, ele declara que o ouro era tão abundante no Japão
que o palácio do imperador era inteiramente coberto e pavimentado com esse
elemento. A referência de Marco Polo ao Japão era a única nos escritos
ocidentais antes do século 16.
O livro
de Marco Polo foi admirado e escarnecido por séculos. Os eruditos atuais, após
analisarem todas as suas inexatidões, o definem como “uma descrição
incomparável” do reinado de Kublai em seu auge.
Retorno a
Veneza
Os Polos
deixaram a China por volta de 1292. Marco Polo diz que a expedição fez uma viagem
de 21 meses, partindo do que é agora Quanzhou, fez escalas breves no Vietnã, na
península Malaia, em Sumatra e em Sri Lanka, e então seguiu pela costa indiana
em direção à Pérsia. O último estágio da jornada os levou a Constantinopla e,
finalmente, a Veneza. Por terem ficado fora por 24 anos, não é difícil imaginar
que seus parentes mal os reconheceram. Nessa altura, Marco Polo tinha 41 ou 42
anos de idade.
É difícil
estimar a distância percorrida por Marco Polo. Um escritor, que recentemente
tentou repetir os passos dele, percorreu mais de 10 mil quilômetros apenas
entre o Irã e a China. Mesmo com modernos meios de transporte, esse foi um
feito cheio de dificuldades.
Diz-se
que o livro de Marco Polo foi ditado a um certo Rustichello, em uma prisão de Gênova,
em 1298. Segundo a tradição, enquanto comandava uma galera veneziana, Marco
Polo foi capturado em uma batalha naval com os genoveses, que estavam em guerra
com Veneza. Rustichello, um companheiro de prisão, tinha experiência em
escrever prosas em francês ou franco-italiano, e a companhia de Marco Polo
evidentemente o estimulou a escrever.
Provavelmente,
Marco Polo foi libertado em 1299, quando Veneza e Gênova fizeram as pazes. Ele
retornou a Veneza, casou-se e teve três filhas. E morreu em sua cidade natal em
1324, à idade de 69 anos.
Ainda existem
dúvidas na mente de muitas pessoas quanto a se Marco Polo fez tudo o que alegou
ou se simplesmente narrou histórias que ouviu de outros viajantes. Mas,
quaisquer que tenham sido as fontes de A
Descrição do Mundo, de Marco
Polo, os eruditos reconhecem sua importância. “Nunca antes ou desde então”, diz
um historiador, “um homem forneceu tão imensa quantidade de novos conhecimentos
geográficos ao Ocidente”. O livro de Marco Polo é um testemunho da fascinação
do homem por viagens, novas paisagens e terras distantes.
Fonte: Watchtower.org
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